O Amanhã a Deus Pertence - Capitulo VI



6 - Desnuda-te


Ana andava de um lado para o outro dentro do escritório da Lus@Teca enquanto seu editor aguardava uma resposta. Antônio Cássio era um moreno de baixa estatura, um pouco acima do peso e na faixa dos quarenta anos. Os poucos cabelos que tinha estavam grisalhos e era a única pessoa detentora de paciência suficiente para lidar com Ana Tayó'Nilè em seu momento de criação. 


- Podes me dizer o que achou? – perguntou referindo-se a mais um esboço de uma possível ilustração para seu mais novo livro.
- Detestei. – a mulher disse simplesmente.
- Deus! O que você quer afinal? Me diga e vamos tentar achar.
- Eu quero encanto, magia. Algo que me toque de tal forma que penetre em meus poros e que me fascine de tal maneira que não exista outra.


Enquanto ouvia o desejo de sua escritora, o homem fazia uma rápida pesquisa na internet em busca de uma imagem que havia visto quando foi a São Paulo em uma exposição. Não se lembrava quem era o responsável pela obra, mas o museu onde foram expostas manteve uma galeria de fotos em seu site. Assim que a encontrou, tirou Ana de seu devaneio.


- Será que isso te satisfaz? – entregou-lhe o aparelho celular.


Assim que o segurou, Ana ampliou a imagem na tela. No quadro via-se um olhar e, por trás desse olhar, um bosque de lindas flores multicoloridas. Uma sombra entre elas e o sol a brilhar no céu. O que chamava a atenção da artista era o fato de que, com exceção das flores e da delineação do olhar, todo o quadro era em tons de verde. O mesmo verde que carregava em suas orbes e que por horas gostava de admirar. Aquela sombra de formas femininas trouxeram as poucas lembranças de sua infância na África e, de alguma forma, sentiu-se ligada àquela figura.


- Era o que eu procurava. – disse devolvendo o aparelho do rapaz com um largo sorriso.
- Graças aos céus! – o homem relaxou os ombros.
-E quanto a minha proposta para a divulgação do livro? – indagou sentada em sua confortável cadeira.
-Ainda não a entendi bem e não sei como desenvolvê-la.
-É simples. Vamos lançar um pequeno convite aos meus fãs. Eles farão a abertura do livro. As regras serão que só poderão enviar um poema para avaliação e o respeito ao tema.
-Que seria?
-O Amor e Suas Loucas Formas.
-Podemos providenciar isso. Quem fará a escolha e por qual veículo?
-Criei um e-mail para recebê-los. Não deixaria na mão de qualquer pessoa essa função. 
-Certo. Então já vou indo ver isso. – despediram-se com um breve abraço e o homem deixou a biblioteca.


Ana concentrou-se em escrever o convite ao seus fãs para que pudessem concorrer a terem um poema seu no mais recente projeto de Tayó'Nilè, mas por vezes se pegou devaneando acerca daquele olhar tão bem capturado. Havia esquecido de perguntar o nome do pintor daquela obra de tamanha sensibilidade, mas certamente o conheceria.


Aquele olhar disse-me tanto quanto poderia revelar 
Vi-me presa entre suas esmeraldas íris 
Segredos profundos e profanos espelhados em cada folha daquele bosque. 

As flores, pequenos fechos de luz em meio a sombras 
Tão escuras que cabem os piores temores, rancores e dores.

Vi-me presa naquele verde olhar 
Vi-me através de um espelho 
Reflexo.


********************************* 


-Um filho?
-Sim. Uma criança com nossos traços a quem daríamos amor e proteção.  – Giuliana dizia enquanto acariciava a esposa.
-Desde quando vem pensando nisso, amor? – Laura perguntava com uma expressão indecifrável. 
-Desde que quase perdi meu pai.
-Cinco anos? – o espanto da moça não foi notado pela esposa.
-Sim. E acho que podemos concretizar esse desejo, não? – começara a distribuir beijos pelo pescoço da esposa em direção ao colo da outra.
-Uhum. – se Giuliana a estivesse a olhar veria uma careta em reprovação à ideia. 


Giuliana deitou sua esposa na cama com delicadeza enquanto continuava a missão de explorar o corpo da outra. Com beijos e toques, ia arrancando suspiros e gemidos. Uma de suas mãos desceu sorrateiramente em direção a sua fonte de prazer. Acariciou a virilha com pequenos pelos em um design inusitado enquanto olhava o quanto Laura poderia suportar daquela doce tortura.


-Amor?
-Diga, querida. 
-Para de tortura e entra de uma vez.


Giuliana não contestou a ordem dada. Com dois de seus dedos adentrou a fonte dos prazeres de sua esposa que, naquele instante, encontrava-se minando seu maravilhoso néctar. Assim que sentiu-se preenchida, Laura transpassou suas pernas ao redor da cintura da amada dando-lhe livre acesso ao parque de diversões. 

A italiana sugava habilmente aqueles seios, em sua opinião, apetitosos. Com o polegar, fazia uma leve pressão no clitóris completamente rijo da outra. Aos poucos sentia seus dedos sendo apertados no interior da outra. Era o orgasmo aproximando-se. Desceu em direção ao botão do prazer enquanto continuava investindo naquele ritmado vai e vem. O ápice de Laura se deu ao sentir as sugadas e mordidas em seu clitóris de forma tão sensual que causava-lhe arrepios em todo o corpo. Sentiu suas forças se esgotarem. Aninhou-se no pescoço de Giuliana e em pouco tempo dormiu.

Giuliana contemplava sua esposa dormir. Em sua mente passava um filme com duração de dez anos. Teve de tudo um pouco. Ação, comédia, drama e, principalmente, romance. Mas no fundo, em seu coração, mesmo não gostando de admitir, sabia não ser portadora da felicidade. Sabia ter uma esposa devota do amor delas, com quem por vezes teve divergências, mas que priorizou o amor. Tinha o amor e respeito de sua família. Seu trabalho. Mas ainda lhe faltava algo e ela pensava ser a presença de uma criança como extensão de seu amor.

Cuidadosamente, depositou Laura em seu travesseiro e foi ao banho. Em poucos minutos estava de volta. Abriu seu notebook na mesinha da varanda do quarto e começou a ler e-mails e alguns anúncios. Entre eles um chamou-lhe atenção. 



Olá, caros amigos e fãs,

Cá estou para contar-lhes as boas novas.
Estamos para lançar mais um livro esse ano e eu gostaria de inovar. Vocês sabem que sempre uso um poema meu na primeira página deles. Dessa vez, estarei dando esta oportunidade a um de vocês. Estou abrindo oficialmente o concurso "Um Poema Por Dia".
Esse concurso é para escolher quem será o felizardo a ter seu poema publicado em um livro meu. As regras são simples.
-O participante necessita de um pseudônimo para enviar seu poema;
-Só poderá ser enviado um único poema, então caprichem; e
-O ganhador irá autografar junto comigo nas cidades onde houver lançamento do livro.

Boa sorte a todos!

Ah! Detalhe importante: serei eu a pessoa julgadora. Lerei poema por poema que vocês enviarão para o e-mail que deixarei aqui abaixo.
E-mail: umpoemapordia@hotmail.com 
Abraços calorosos 

Ana Tayó'Nilè

Comentários