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Mostrando postagens de dezembro, 2018

Arranjo - Capitulo IX

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Fomos todo o caminho em silêncio. Helena prestava atenção no trânsito e, às vezes, olhava-me pelo canto do olho tentando disfarçar. Eu admirava o caminho sentindo a intensidade da sua energia sobre mim. Minha cabeça estava um emaranhado de nós e tal conflito era refletido em meu olhar. Cansada do silêncio perturbador que havia se instalado no ambiente, ela ligou o rádio e a canção que tocava me trouxe adormecidas lembranças. - "Sorri quando a dor te torturar. E a saudade atormentar. Os teus dias tristonhos vazios..." As ruas iam passando. Ou éramos nós quem passava pelas esquinas onde algumas pessoas estavam paradas. Sozinhas ou acompanhadas. Entretive-me de tal maneira que só fui despertada ao escutar um " chegamos ". O carro de Katrina estava parado à porta. Respirei fundo algumas vezes antes de tentar soltar o cinto com a mão esquerda e ser impedida por um gesso e um imobilizador. Helena lendo a frustração em minha expressão veio em me

Arranjo - Capitulo VIII

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"Estenda no chão o tapete que eu quero passar..." Katrina havia ficado na casa de Helena. Sentada no sofá de couro negro que ocupava a parte central da sala, ela refletia sobre os últimos acontecimentos. A reconciliação com a ex-esposa, a conversa com a amiga no bar e o acidente poucas horas depois. Era um misto de preocupação e culpabilidade quase na mesma proporção. Inquieta, começou a andar pela casa rememorando alguns trechos de sua vida enquanto mexia nos anéis em seus dedos; uma mania adquirida desde a infância em momentos de nervosismo. Olhou mais uma vez o relógio e o aparelho celular a espera de uma ligação de Helena, mas apenas uma mandala era o que se via. Ela nunca foi religiosa tampouco dada a crendices, mas rogou aos céus que nada grave acontecesse a  sua  Dom. Era aniversário de Elton e decidiram mudar a forma de comemoração. Foram todos os amigos e familiares para Lavínia, a nova casa de salsa da cidade. Todos comentavam sobre a decoração do lo

Arranjo - Capitulo VII

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Quando estamos apaixonados tendemos a ignorar fatos, muitas vezes gritantes, no que toca ao caráter e índole, principalmente. Somos vendados por nós mesmos, e de uma maneira tão forte que é quase impossível que outra pessoa consiga romper esses laços. Olhava a mulher por quem nutria o sentimento pouco nobre da inveja em minha frente a oferecer ajuda e estadia em sua residência no período de minha convalescença. Não havia a mínima pretensão de aceitar, mas ela citou a ex ou atual esposa como um dos motivos para que eu não recusasse. Também tinha o fato de não poder fazer muitas coisas sem ajuda, já que o lado mais acidentado havia sido o esquerdo e por obra e graça do divino, sou canhota. Fechei os olhos em conflito interno, pois aceitar me soaria como uma sessão masoquista sem prazo de expiração. - Tudo bem. Aceito. Mas com uma condição. - Sim?! - No período em que eu permanecer em sua residência arcarei com os custos das medicações e alimentos. - Mas...

Arranjo - Capitulo VI

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Quando eu estava fazendo aulas de condução, meu pai me disse que o meu bem mais precioso era a vida e que eu sempre deveria ter isso em mente quando pegasse o volante para dirigir. Minha cautela e zelo não foram suficientes para evitar que outro condutor batesse seu carro na traseira do meu.    Senti o impacto, perdi a direção por causa da água na pista, o carro rodou e bateu em uma mureta de proteção. Com dificuldade, abri os olhos. Ao passar a mão na testa senti o sangue escorrendo. Resmunguei uma palavra chula ao passo em que tentava me soltar do cinto de segurança. Algumas sirenes chamaram minha atenção. Forcei o cinto e consegui desprendê-lo, mas senti uma dor insuportável do meu lado esquerdo. Um dos policiais chegou ao carro me pedindo calma, pois os bombeiros já estavam próximos. Enquanto aguardávamos, ele me perguntava algumas coisas para manter minha consciência. Assim que chegaram, um dos oficiais do corpo de bombeiros abriu a porta e me explicou os proce