Nossa Forma de Amar - Capitulo XXIII


23 - ... A Colheita É Obrigatória.


Rúbia havia desmaiado e estava a mercê da maldade de Kaliel. O desejo dele era que ela sofresse por tudo que ele passou e vinha passando desde o ano em que se encontraram no ano de 1720, século XVIII.

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Ele era um jovem camponês que trabalhava com sua família nas terras da família da jovem. Em uma época onde os casamentos eram arranjados pelos pais eles encantaram-se. Ela aproveitava os passeios a tardezinha com suas damas de companhia para encontra-lo.

Por estar em idade de contrair matrimonio seus pais arranjaram sua união com o filho de um conde de uma região interiorana. Os jovens então planejaram fugir em um dos tantos passeios. Ele arrumou uma carruagem que estaria escondida no meio da floresta apenas esperando pelo casal enamorado.
Quando o sol começava a esfriar ela mandou que uma de suas mucamas levasse a pequena bagagem pelos fundos até um ponto estratégico. O casal só não contava com a inesperada chegada do noivo e sua comitiva familiar. A mucama já havia saído, não tinha quem avisar ao rapaz que ela não mais iria.

As famílias conversavam sobre a organização da recepção aos convidados e outros detalhes. O jovem Raphael, noivo de Guilhermina tentava iniciar um cortejo a jovem. Conversavam em uma das varandas de uma das salas do casarão da fazenda. A noite já ia alta e os dois continuavam conversando. A jovem tremeu diante de uma brisa fria e o rapaz mais que depressa cedeu seu casaco de couro de um animal qualquer a jovem colocando ao redor do seu corpo o que fez com que se aproximassem. Esta foi a visão que Kaliel teve ao chegar perto da casa, os jovens quase abraçados com os rostos próximos. Sentiu-se traído, abandonado.

A sensação de ter sido preterido começou a apossar-se de seu coração. Um ódio infundado que o cegou ao ponto de não querer ouvir as explicações de sua até então amada. Raphael que estava hospedado na fazenda notou uma pequena tristeza nos olhos da noiva. Em uma conversa franca a jovem contou-lhe a verdade e o rapaz, muito compreensivo disse-lhe que conquistaria seu amor com o tempo.

Quanto mais próximos eles ficavam, mais ódio Kaliel nutria. Chegava a vigiar os passos do casal esgueirando-se pelos cantos da fazenda. O dia mais doloroso foi quando presenciou o primeiro beijo trocado entre o casal as margens de um pequeno riacho. Passou então a arquitetar um modo de acabar com aquela felicidade. Seu coração enegrecia um pouco a cada instante.

No dia do casamento, ele invadiu a capela onde seria realizada a cerimônia desafiando o noivo a um duelo, quem vencesse poderia ter a honra de casar com a jovem. O juiz escolhido foi o padre. O atrito entre as espadas produziam faíscas no ar. Guilhermina rezava por seu noivo, pois os olhos de Kaliel só se via ódio.

Em uma manobra arriscada o jovem noivo investiu um golpe arriscado tirando a espada de seu oponente. O juiz encerrou a luta dando a vitoria ao filho do conde. Antes que pudesse soltar a espada sentiu uma dor aguda em suas costas. Fora acertado traiçoeiramente por um punhal. Virou-se com destreza cravando a espada no lado esquerdo de seu oponente perfurando-lhe o coração. Antes de cair morto ainda disse que ela jamais seria feliz se não fosse com ele.


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Agora a jovem estava a sua mercê. Quando iria consumar seu ato uma luz invadiu o local e de um portal saíram anjos de luz e Augusto. Munidos de toda energia do bem para resgatar a jovem e impedir que algo de mal acontecesse a jovem. Sem virar-se o espírito errante ordenou.


-Vá embora. Não podem fazer nada. Ela vai ser minha.
-Deixe-a ir. Sabes que o destino de vocês não tem caminhos em comum.
-Ela vai ser minha. – gritou trazendo seu séquito de espíritos errantes a tona.


Antes que tentassem aproximar-se a luz dos anjos afastou-os do ambiente. Augusto andou até onde os jovens estavam. A cada passo que dava sua luz intensificava-se fazendo com que Kaliel virasse seu rosto, pois aquele intenso brilho incomodava seus olhos já acostumados com a escuridão.

O rapaz não suportando mais aquele brilho afastou-se da jovem desmaiada. Os outros anjos acercaram-se do rapaz fechando um circulo de orações. O rapaz gritava desesperado, implorando que parassem aquele canto ensurdecedor. Augusto carregou o corpo da jovem para fora da casa, depositando-a na relva.

Aos poucos ela abriu os olhos e reviu seu amigo de tantos anos. Ele não a deixou falar deixando-lhe claro que tudo corria bem. Dentro da casa os anjos conseguiram levar aquela alma ao arrependimento e aceitasse ser ajudado e tratado para curar as feridas. Ravier acordou e procurou pela jovem.

Rúbia chegou à casa desesperada, contou o ocorrido aos pais. Quando estavam por ir a delegacia prestar queixa o jovem chegou implorando o perdão de todos. Irredutíveis, a família da jovem oficializou a queixa e o rapaz foi detido pelos crimes cometidos. Outras vítimas apareceram entendendo um pouco mais sua ficha criminal.

Assim que retornaram a casa, Rúbia assumiu as rédeas de sua vida pedindo a emancipação aos seus pais e iniciou seus estudos na doutrina espírita. Posteriormente, saiu pelo mundo em busca de historias parecidas com a sua para relata-las em seus livros. O que lhe rendeu fama entre os autores espíritas.


-Rúbia. – um jovem a chamava.
-Sí.
-Esta na hora da sua palestra.

-Gracias.

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