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Mostrando postagens de julho, 2018

Microconto - Lap Dance

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-Estava a sua espera. - Disse-lhe sorrindo enquanto abria a porta em uma muda permissão à sua entrada. Você sorriu ao observar o cenário. Algumas velas acesas em lugares estratégicos deixavam o ambiente em tom ímpar. Seus olhos passeavam pela sala fazendo anotações mentais. Na mesa de centro, uma travessa com frutas cortadas tendo ao seu lado uma garrafa de vinho aberta e uma taça com uma determinada quantidade. Enquanto você circula pelo ambiente, te observo desfilar em um a calça de couro negro ajustada perfeitamente ao seu corpo, blusa social feminina vranca de mangas dobradas no cotovelo e os negros cabelos soltos. Ah! Como adoro puxá-los. Uma contração no baixo ventre me faz parar de devaneios e seguir em sua direção. Seus olhos fixam no laço frontal de meu roupão de seda na tonalidade bordô. Sou uma felina faminta e você está em minha mira, minha presa. Rodeio em volta do teu corpo e puxo uma cadeira que já estava ali, estrategicamente, para você sentar. Dou play n

Dvã de Todos os Santos - Capitulo IV

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A Psicanálise surgiu em 1901, fundada pelo médico neurologista austríaco Sigmund Freud, e propõe uma nova visão de homem, não apenas contando com a lógica racional. Para Freud, a cura se dava pela fala, ou seja, seus pacientes verbalizavam as dores e sofrimentos e através de informações fornecidas pelos mesmos, o homem as diagnosticava. De acordo com seus estudos, questões inconscientes teriam o poder de influenciar ou gerar sintomas atuais. Através da psicoterapia, pode-se obter o autoconhecimento e resolução de conflitos internos que perduram atualmente através das tantas técnicas criadas por Freud e outros, influenciados pelos seus ensinamentos. Quem os visse ali, sentados, provando um chá de erva doce em meio a uma conversa tipicamente rotineira, diria que são conhecidos de longa data ou pai e filha, talvez. Mas era o primeiro contato entre dois estranhos. De um lado, uma bela e inteligente mulher exercendo sua profissão, que lhe soava como vocação, haja visto que tinha se

Divã de Todos os Santos - Capitulo III

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No quarto andar do edifício Fundação Politécnica, na sala 407, funciona o consultório de Eleonora, nas segundas, quartas e sextas-feiras. Negra dos olhos também negros, detentora de 1 metro e 70 centímetros acrescidos por um par de saltos. Corpo tipicamente brasileiro com seus quadris largos, coxas e pernas grossas, cintura modelada e atributos que causariam inveja em outras mulheres. Um homem aparentando ter entre quarenta e cinquenta anos caminhava sem pressa. Olhava as pessoas ao redor sempre correndo como se dependesse disso para sobreviver. Quem por ele passava, observava suas vestes um tanto exóticas. Uma túnica marrom cinturada por um cordão branco. Nos pés, sandálias em couro trançado e um chapéu de palha o protegia do sol. Ao parar em frente aquela escada estranha se viu indeciso, mas assim que pôs os pés ali, sorriu. No andar de cima pegou o elevador com destino a sua primeira consulta. Ideia de Pedro, seu amigo de longa data. Também foi ele quem percebeu que

Divã de Todos os Santos - Capitulo II

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Santa Lourdes, Bahia -  1998 Todos os anos, as moças solteiras da cidade vestiam-se com trajes belíssimos e cada uma delas levava uma flor branca e uma fita, também branca, amarrada na vela que elas acenderiam no altar da igreja para que Santo Antônio lhes concedesse um bom casamento. Depois de muita insistência, a mãe da jovem Eleonora conseguiu convencer a filha a participar daquele rito. Aquela senhora só não sabia que o coração de sua filha já estava preenchido por um amor impossível e proibido aos olhos do homem e de Deus. Cândida, era o nome da eleita, de olhar tão doce e gestos delicados. Tão elegante em sua simplicidade. Cresceram juntas e assim, juntas, descobriram o prazer que um simples beijo pode causar. O gosto do mel mais puro e adocicado nos lábios da outra, os arrepios produzidos pelas pontas dos dedos deslizando pelos braços e sensações que ambas não precisavam confessar por saberem que a outra também as sentia. Não queria um bom partido, um bo

Divã de Todos os Santos - Capitulo I

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Sinopse: "Não prometa aquilo que não podes cumprir." A frase poderia até ser impactante e amedrontadora, se vista por um ângulo distinto. Eleonora usava-a como lema em sua vida. Viu-se sem chão ao descobrir que seu amor fora trocado por meia dúzia de palavras e uma promessa incrédula. Após guardar por anos a dor da perda, um cliente especial lhe trará novos e antigos sentimentos. O Jardim Celeste era um recanto de paz aonde muitos iam para ler, meditar ou simplesmente apreciar as várias flores que desabrochavam. Um pouco mais afastado dos canteiros tinha uma quadra que era usada pelos times formados entre amigos para uma tentativa de jogar futebol. Sentados em uma arquibancada, os três homens conversavam sobre o caso recente. - Eu me recuso a relatar isso ao Chefe. - O homem estava ultrajado com a situação, no mínimo, inusitada. - Vamos lá. Garanto que não será de todo mal. - Pedro tentava convencê-lo. - Pense pelo lado positivo. Você cumpriu sua tarefa.