Microconto - Suspiros





Tum...

Tac...

Tum...

Tac...


Era o barulho produzido pelas gotículas que caiam da torneira da pia do banheiro.
No quarto,uma televisão de tubo ligada e sintonizada em um jornal qualquer, uma poltrona desconfortável, os aparelhos verificadores e a cama, onde ela ressonava.

A janela de vidro com suas persianas levantadas deixavam a luz do luar iluminar o ambiente. A enfermeira já havia dado a última medicação da noite e, talvez, um plantonista passasse por ali para vê-la.

Nada mais importava. Sentia a vida escorrer-lhe pelos dedos enquanto recordações de um passado não tão distante lhe corroiam.

Saudades. Da sua casa de paredes em tons azuis, do jardim de rosas, dos seus cachorros e _dela_. Amava-a acima de si mesma, mas não poderia permitir que ela passasse seus dias dentro daquele maldito hospital assistindo lentamente sua morte.

Sentiu seu coração acelerar novamente. Há dias que não mais tomava os medicamentos para controle da sua arritmia. Controlava o quanto podia a intensidade com a qual a dor lhe atingia enquanto lágrimas pesadas de memórias vertim por seu belo,porem pálido rosto.

Sentiu um fisgar como se lhe esmagassrm o peito e... Era hora de descansar. Sua mãe lhe acenava sorrindo. Era noite quando todas as dores cessaram. Era noite, assim como no dia do seu nascimento.

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