Manuscrito - Parte I



Um objeto misterioso é a chave para uma mina.



Era a sétima caneca de chocolate quente para acompanhar a leitura. Precisava de concentração e o único lugar aonde ela conseguia era no Sânscrito. Chovia intensamente e a noite negra atraía-lhe como um mistério a ser desvendado. 

Ollie havia feito um coque desajeitado em seus cabelos não tão curtos. Consertou as mangas da jaqueta antes da última golada de sua "maravilha em todo o mundo". O arquivo estava centralizado na tela cujo pano de fundo era uma enorme loba cinza de olhos amarelados. Um calafrio percorreu sua espinha. Aqueles olhos sempre pareciam lê-la ao mesmo tempo em que tentavam traga-la para seu obscuro mundo. Manuscrito

Havia recebido, de forma anônima e estranha, um pen drive dentro de uma caixa embrulhada para presente. Pensou ser um trote ou vírus, levando-o para um amigo que trabalhava como analista de sistemas. Descobrindo que havia quatro fotos e um arquivo codificado. 

O segundo passo foi desvendar qual era o código. Tentou vários nomes e números que apareciam nas fotos, mas o acesso lhe era negado. Tentou seu próprio nome e data de nascimento e novamente lhe foi negado. Tentou o nome do arquivo e também foi negado. Pensava em desistir quando, em meio a mais uma noite insone, digitou Lemniscata. As primeiras páginas estavam em branco e só a partir da quinta folha algo começou a se desenhar. 



Século XXVIII - Ano 2919


A forte chuva molhava os corpos transeuntes das avenidas de Anderflix. O material do qual eram feitos os uniformes da Corporação Cavendish deixavam as peças impermeáveis e a prova de fogo. Krish tentava ao máximo apressar seus passos. O intermediário a contactou sob pretexto de que algo trazido da terra a interessaria. Optou pelo encontro noturno para fugir dos olhos cibernéticos da Ordem, um seleto grupo que comandava o país. Todas as decisões passavam por eles. 

Entrou no prédio. Olhou para os lados antes de acionar o scanner. Um filete de raio laser passou em sua íris reconhecendo-a. A porta se abriu. Um corredor surgia na medida em que avançava. Ao chegar a última porta, deu dois toques e empurrou-a. Ludrick ou Intermediário, como era mais conhecido entre os mercadores e algumas corporações, a aguardava sorrindo.



- O que você tem para mim? - Perguntou enquanto o capacete que protegia suas vias de se intoxicar com o ar rarefeito desintegrava.- Veja por si. - O homem coçou a barba mal feita.- Espero que não seja mais... - Sua frase ficou incompleta. As palavras não saíam diante se tão bela visão. - Pelos céus! Não posso crer. Você encontrou! É... Magnífico.     

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