Nossa Forma de Amar - Capitulo XXI


21 - "Ainda Que eu Ande Pelo Vale da Sombra da Morte..."

-Rua Jayme Vieira Lima... 104 cadê você? – Simone perguntava enquanto olhava a numeração das casas até achar a de seu desejo.


O sol já se despedia no céu quando a jornalista avistou o portão azul com o símbolo característico da mansão. Vários carros e pessoas adentravam os portões. Após conversar rapidamente com o porteiro e explicar sua situação ela conseguiu uma vaga perto da saída para seu veiculo.

Ao sair do veiculo sentiu o cheiro da natureza. Raramente isso ocorria salvador havia se tornado uma cidade de poluições lançadas ao ar através do escapamento de carros, motocicletas, ônibus e caminhões.

Admirou o lindo jardim onde havia uma placa comemorativa com os dizeres. MANSÃO DO CAMINHO - Obra Social do Centro Espírita Caminho da Redenção. Situada no bairro de Pau da Lima foi fundada em Agosto de 1952 pelo médium espírita Divaldo Pereira Franco que através de uma visão recebeu a missão de fundar um lugar para educação a principio de crianças órfãs reconstruindo o ambiente familiar com a ajuda de seu primo Nilson de Souza Pereira.

Com o tempo, os lares foram sendo substituídos por grupos escolares, oficinas de capacitação profissional e outras atividades sociais de promoção social, apoiando crianças, adolescentes e adultos carentes provenientes de bairros de baixa renda próximos, fornecendo a eles educação integral. A instituição atende, gratuitamente, cerca de 3.200 crianças e adolescentes por dia, além de adultos e idosos carentes. Para os alunos das escolas, crianças da Creche A Manjedoura, albergados da Caravana Auta de Souza e funcionários, a Mansão do Caminho fornece cerca de 5.000 refeições por dia.

Simone ficou impressionada com o trabalho desenvolvido pelo lugar. Após colocar seu crachá onde estava escrito a palavra Imprensa, o nome do jornal para o qual trabalhava e seu próprio nome adentrou o grande auditório em forma de coliseu. As duas primeiras fileiras de cadeiras reclináveis e confortáveis estavam reservadas aos jornalistas e fotógrafos. Nas demais ficariam as pessoas que foram prestigiar as palestras. Os palestrantes ficariam sentados a mesa em cima do palco e cada um iria ate a frente do palco na sua hora.

Enquanto chegava seu email através do aplicativo de celular, era possível ouvir a animada conversa de um grupo de amigos sentados atrás dela.


-Então, Luis? Qual o seu palestrante preferido? – perguntou-lhe uma das jovens.
-Meu xará. Luis Gasparetto.
-Ih, Lívia. Esse babão aí é superfã do Gasparetto. Tem uns cinco ou seis livros dele. – Lucas, irmão de Luis comentou.
-Ah é? Indique-me um que você acha que eu deveria ler.
-Eu gosto dos livros do Calunga, mas pra você indicaria Revelação da Luz e das Sombras. Todos são ótimos. E você, Livinha. Espera por quem?
-Rúbia Garcez. Ai ai!
-Ih! Já vi tudo. Caiu nas graças da espanhola.


Os amigos brincavam com a menina. Inconscientemente, Simone lembrou-se da morena do restaurante. Sorriu sem perceber. Anotou o nome dos livros que os rapazes falaram por curiosidade e prestou atenção no que o apresentador dizia.


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Luis Carlos foi recolhido para a sua iniciação na religião. Após acordarem do momento de incorporação de seus orixás, Milena e Dalila foram vê-lo no quarto reservado para cerimônias internas.


-Então, meu caro. Como se sente? – Perguntou Lila.
-Feliz, realizado e surpreso. Foi por isso que a mãe não deixou ir pra feira com vocês né?!
- Claro, né cabeção. Qual seria a graça você saber do que aconteceria? Segredo e tradição são fundamentais para a nossa religião.
-Mile posso te pedir um favor? – perguntou com olhos de gato de botas.
-Fale. Se eu puder fazer...
-Eu queria chupar tangerina.
-Luis, vá a merda. Você sabe que a mãe mata se souber.
-Por favor Mile.
-Não posso Luca.
-Favor, Mile.
-Ok. Mais se dona Lucimara descobrir eu mato você certo?
-Claro! Depois que ela te matar. – gargalhou.
-Me deixa ir. Tenho que ligar para alguém.


Assim que chegou a seu quarto discou o numero de Luiza. Em principio deu chamada em espera, mas logo ela atendeu.


-Oi, meu amor. Saudades.
-Oi, linda. Eu também estou louca de saudades de ti. Como você esta?
-Estou bem. Estava falando com mamãe. E você vem me ver hoje?
-Então, amor. Estou aqui na casa da mamãe e só poderei voltar pra casa na terça.
-É aquele tal resguardo que você havia mencionado.
-Isso anjo.
-Hum! Ainda bem que aproveitamos ontem a noite. – falou com um sorriso malicioso no rosto.
-Ai! Nem fale. Ainda sinto em minha pele seu cheiro, seu toque...
-Faz isso não amor.
-Por quê?
-Dá vontades.
-Anjo, vou precisar desligar. Assim que nos virmos eu mato essas vontades ou faço renascê-las.
-Ah! Milena. Beijos nessa sua boca deliciosa.


Desligaram com sorrisos nada inocentes no rosto.

Comentários

  1. Eu estou adorando conhecer um pouco mais da sua religião .. Que história rica
    de cultura
    Parabéns Nay

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