Nossa Forma de Amor - Capitulo XVIII
18 - Mãos a Obra
Na porta do terreiro,
Milena buzinava impaciente para sua irmã que resolveu namorar seu reflexo no
espelho. Dalila quando começava a arrumar-se levava horas se não tivesse
ninguém a apressá-la.
-já vou, criatura. Que
pressa.
-Pressa?! Você sabe como é
a Calçada uma hora dessas? Um engarrafamento insuportável.
-Milena, é aqui perto.
-Pode ser do outro lado da
cidade. Vamos embora, Dalila Ventura Sobral.
-Vishe! Já vou entrar no
carro.
Milena era paciente com
tudo e todos, a exceção era sua irmã quando precisava sair. Se elas marcassem
de se encontrar Milena esperava o telefonema da irmã para sair de casa, do
contrario corria o sério risco de Dalila não encontrar ninguém quando chegasse
duas horas depois do combinado.
Enquanto seguiam para a
feira, Dalila repassava a lista de materiais a comprar. Após checar começaram a
conversar amenamente.
-Depois você reclamava
quando Hugo falava do seu atraso. – Milena falou enquanto lia uma mensagem
recebida aproveitando do sinal estar fechado. Sorriu sem perceber o que não
passou aos olhos da irmã.
-deixa ver se adivinho a
autora dessa mensagem que colocou um sorrisinho bobo no rosto da minha
irmãzinha conquistadora. – arreliava a irmã.
-Tente. – Não tem como. – Pensava e sorria.
-Será a moça que te
acompanhou na viagem e que descobristes ser a filha do pastor na igreja que
fica na rua do terreiro?!
Milena arqueou a
sobrancelha direita, gesto que fazia quando incrédula de algo. Olhou sua irmã
enquanto fazia a volta com o carro na curva que dava acesso a feira e a entrada
do Terminal de Ferry Boat procurando
um lugar para estacionar.
-vai falar nada não, mana?
– Dalila sorria vitoriosa.
-não. – sorriu. - vamos
procurar Guilherme que já deve estar perdido.
Após encontrarem o rapaz
que sua mãe mandou para auxiliá-las, deram inicio as compras.
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Luiza sorria com a
resposta da mensagem que havia enviado a sua namorada um pouco antes que
começar seu turno de trabalho em um dos sites da empresa de call Center onde
trabalhava.
“Hoje largo trabalho as 18 hs. Me
ajuda com a mudança?”
“Vai depender do que me
será ofertado em troca de meus serviços.”
Uma de suas colegas de
trabalho aproximou-se a fim de curiosidade sobre aquele sorriso, já que Luiza
pouco o exibia.
-E aí, mulher? Que sorriso
é esse? Esta com cara de quem esta dando gostoso. – a mulher ria com a vergonha
de Luiza.
-Para com isso. Me deixa
sem graça. – tentava sair sem sucesso.
-confessa que tem gente
nova na área. Qual é Luizinha? Conta pras amigas.
-vai ficar curiosa. Vamos
antes que Nestor implique.
-aquela bicha velha depois
que foi promovido ficou metido. Deixa ele.
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-Cansei! – disse Dalila ao
sentar no Bar e Restaurante São Joaquim dentro do novo complexo da feira.
As compras já estavam no
carro e os perecíveis foram levados pra roça junto com os animais em um “carro
de praça”. Olharam o quadro com os pratos do dia e escolheram moqueca de peixe
após identificarem de qual peixe tratava-se, arroz a grega e salada de
verduras. Ambas eram rigorosas com relação à alimentação na rua principalmente
em relação a algumas restrições alimentares que possuíam.
Normalmente quem ia a
feira era sua mãe e Luis, mas sua mãe lhes passou a tarefa e Luis não poderia
saber o que estava sendo comprado. Era surpresa para ele. Após descansarem,
pois segundo Dalila “bateu moleza”. Seguiram para a Praça da Sé atrás de uma
loja que vendesse roupas ritualísticas para comprar as de Luis já que não
poderiam tirar a medida dele.
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-mãe, Guilherme chegou com
as coisas. – Luca entrava pelos corredores da casa atrás de sua Ya.
-ajude ele a arrumar tudo.
– disse Lucimara em seu quarto de costura.
Ela estava terminando as
roupas de ração que Luca precisaria. Aquele jovem que anos atrás bateu em sua
porta sem nada, só com a fé se tornou um homem e agora receberia o que lhe era
de direito dentro do Axé. Ele nem imaginava,
mas seu sonho seria realizado. Seria conduzido a seu trono por seu orixá.
Já com a roupa da
confirmação comprada, as irmãs voltaram para a casa da mãe. Com ajuda dos
meninos descarregaram as compras do carro e foram falar com a mãe. A todo
instante Milena consultava o relógio, o tempo demorava a passar.
-mãe, tem alguém aqui com
pressa.
-que foi Milena? Marcou
algum programa?
-Talvez.
-olhe, quando as funções
da casa começarem vocês dormirão aqui na roça. Não quero quebra de resguardos e
respeitos.
-eu sei mãe. Vou conversar
com a... – olhou para os presentes e mudou o que falaria. – a moça com a qual
me encontrarei. Vou indo. – pegou a chave do carro e já ia saindo quando ouviu
sua irmã falar.
-não tem problema, mana.
Você ainda vai nos dizer o nome dela. – gargalhou.
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