Romance - (Des)Encontros Amorosos - 5

 

5. Três Letras e Muitas Aventuras


No segundo período da graduação, eu vivia enfurnada no quarto da República estudantil onde eu morava e o dividia com Rose. Ela se apresentava assim e se vocês vissem algum documento oficial dela entenderia o porquê. Alguns pais não tem ideia do quão absurdos são alguns nomes e dos problemas que podem causar aos filhos. Rose era de uma cidade chamada Cansanção, localizada a 347 km da capital e de uma população de quase 35 mil habitantes. Passou no vestibular e se mandou pra capital sem pensar duas vezes.

Rose me apresentou as coisas boas da capital e algumas ruins também. Uma certa feita, estávamos debatendo um artigo insuportável. Não. O artigo não era insuportável. Eu que estava irritada ao extremo. Subindo pelas paredes no dito popular. Dois meses sem sexo para quem parecia um coelho no cio é muito. Minha querida colega de quarto teve uma ideia maravilhosa para resolver meu problema momentaneamente. Um site de Bate Papo com várias salas, incluindo sexo.  

Claro que não me joguei de cabeça. Fui dar algumas zapeadas para ver como funcionava. Tinham algumas salas por intenção: Namoro, Sexo, Religião e outras. Dentro das salas tinham subdivisões por sexualidade: Gay, Lésbica, Bissexual e etc. Aí vinha as salas por estado: Bahia, São Paulo, Ceará e ou outros 23 + Distrito Federal. E por fim, você escolhia uma sala de 1 a 30, colocava seu apelido e tinha a oportunidade de conversar com qualquer pessoa. Homem com apelido de mulher, mulheres de todas as idades, spam e outras coisas bizarras.

Algumas vezes marquei com moças para sexo casual e outras, só queria alguém para conversar. Numa dessas noites insones, conheci uma moça muito divertida. Espirituosa, humor ácido, extremamente inteligente e me deu um fora doloroso quando lancei nela uma cantada pior do que as de pedreiro. Se eu quisesse conversar, ela aceitaria. Se eu quisesse algo além, era um Boa Noite. Aquietei o espírito de raparigueira e passamos a conversar. Como eu não queria perder o contato com ela, pedi seu número. E ela me deu... um endereço de email que ela usava exclusivamente para o bate papo. Antes um email do que nada.

Quando eu contei a Rose, ela teve uma crise de riso. Fazer o que?! Mandei uma mensagem para iniciar o contato. E ela respondeu com um emoji de risada e dizendo que há tempos não conhecia ninguém interessante o suficiente ao ponto de dar seu "contato". Iniciamos uma bela amizade e, aos poucos, ela foi me permitindo conhecê-la. Na época, ela estava recém separada e queria fugir dos mesmos ciclos de amigos da ex e andava no BP para distração. Contei superficialmente sobre mim e assim foi. Óbvio que diante dos inúmeros cortes que ela me dava, tive que ciscar em outros terrenos. Um enoooorme sacrifício.

Se eu sentar para contar todas as histórias que vivi enquanto frequentava o bate papo, passarei algumas vergonhas. Vou contar só uma. Sempre tem as "hetero casada curiosa" (nada contra) nessas salas que vem com aquele papo "é que eu queria saber como é. Experimentar." Quem nunca pensou: Hum! Por que não?! não sabe o tamanho do arrependimento. Porque a hetero casada curiosa queria um ménage à trois com o porqueira que era o marido corno. Marcamos em um barzinho numa rua super movimentada e que eu, geralmente, marcava de encontrar as abençoadas. Combinei que estaria vestida de blusa vermelha e tals. Querem saber se eu estava de vermelho?! A resposta é não. Minha cor era preto. Uma pulseira que era vermelho escarlate. 

Mas ela foi de vestido azul assim como combinamos, ombros desnudos e ela tinha uma tatuagem no ombro, e levou o esposo a tiracolo. Eu sempre gostei de ter vários chips de operadoras e um era para o "abatedouro". Mandei uma mensagem elogiando a peça e a modelo, mas citei meu desagrado com a presença do marido. Não estava no nosso acordo então eu estava no direito de me retirar do recinto. Ela olhou todo o salão e desistiu. Aí ela contou quais eram suas reais intenções. Pense no ódio. Resultado a noite: ela foi embora com o marido e eu fiquei lá com o pessoal. Nada pra ninguém.




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