Nossa Forma de Amar - Capitulo XII
12 - Não Meta A Mão Nessa Cumbuca
A casa era localizada em um beco sem
saída. Um lugar fétido, de aspecto deplorável. Há muito deixado de lado. Na
placa podia-se ler claramente.
Trabalhos para felicidade, caminhos abertos,
relação amorosa. Trago o amado de volta. Pagamento após resultado. Pai Abreu.
Um homem bem vestido e ornamentado a
aguardava na porta com um sorriso forçado. Quando ele a viu teve certeza que
fez certo ao aceitar realizar esse trabalho. Iria ficar rico. Ela parecia ter
grana. A mulher entrou no cubículo que ele chamava de sala de consultas.
Ela examinou o local antes de sentar.
Cheio de imagens de santos católicos e orixás do candomblé em pequenos altares.
As paredes cheias de fotografias dele e seus “clientes” que conseguiram seu
intento. A mesa preparada para o jogo de búzios.
Já haviam conversado brevemente sobre
o trabalho desejado. Ele lhe deu uma lista com uma serie de materiais
necessários e assim que ela os tivesse ligasse para que fosse feito o serviço.
Entre os objetos pedidos estava uma foto da época que eram um casal. Sorridentes.
Antes de começarem os problemas.
-você trouxe a muda de roupa branca
que falei? – perguntou o homem enquanto finalizava o preparo das coisas.
-trouxe.
-então vamos começar. Ainda tem tempo
de você voltar atrás, tem certeza que irá continuar? Isso é um caminho sem
volta moça?
-vou até o fim. – ele viu um brilho
obstinado em seus olhos junto ao brilho da obsessão.
-assim que terminarmos você tomará um
banho que está no banheiro e veste a roupa branca. O que for feito aqui eu irei
despachar na rua. Se concentre moça no seu desejo.
O homem começou uma serie de rezas e
ritos e depois de aproximadamente uma hora a mulher entrava no banho. Sentia-se
esgotada fisicamente sem ter feito nada. Era o efeito do processo.
Enquanto a água caia em suas costas pensava
nos momentos felizes que tiveram e como deixou escapar por entre os dedos.
Agora poderia fazer algo. Não deixaria essa oportunidade passar. Enquanto se
banhava pensava e repetia.
-você será minha.
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-Nããããooooooo! – despertava suada.
Acabara de ter um pesadelo. Duas pessoas entraram correndo no quarto.
-o que foi Lila? – perguntou Milena a
abraçando.
-um pesadelo horrível. Sonhei com uma
caninana velha dos olhos vermelhos. Ela queria dar o bote em você, mana.
Mãe... – abraçada a sua irmã esperava a
resposta.
-calma filha. Não será nada
impossível de resolver. Milena dormirá
com você.
-é Lila. Como fazíamos quando criança.
Deitaram-se encaixando em forma de
conchinha. A mãe as beijou e cobriu com uma manta. Cantou para que ambas
dormissem e saiu silenciosamente. Foi em direção à cozinha preparar seu chá de
camomila. Ficou pensando no sonho da filha. Dalila desde criança tinha sua
vidência em sonhos principalmente em relação à irmã. A ligação que as unia era
indestrutível. Lembrou também do que sua avó dizia quando ela era menina.
“-Sonhar com cobra é gente falsa minha menina.
Alguém que esta te cercando. Cuidado. Isso é aviso. É intuição. Mantenha uma
vista aberta com essas pessoas que se fazem de amigas. Olhe esta pedra. –
deu-lhe uma pedra de cor dourada, brilhante. – bonita ela né?! – a menina fez
que sim com a cabeça. – nem tudo que brilha é joia. Assim é o home. Chega cheio
das intenção boa,mas quando a gente vê só quer dá o bote.”
-Primeiro os búzios silenciam, depois
o sonho de Dalila. O que mais falta acontecer? – pergunta Lucimara sentada na
bancada da cozinha.
Assim que silenciou fez-se presente
uma forte ventania gélida. Derrubando um copo de água de seu pequeno altar e
apagando a vela que estava acesa. Arrepiando a senhora dos pés até sua cabeça.
Todas as possíveis passagens do vento estavam fechadas. Era um sinal.
-Epahey Ya Mesan L’Orum. Que a Senhora dos Ventos e Tempestades leve
esse vento frio pra longe. Que nada de mal aconteça a meus filhos. Proteja-os
assim como protege os seus. Epahey Oyá. Ai minha mãe Iemanjá nos proteja do que
esta por vir.
Foi verificar o quarto das meninas e
elas dormiam serenamente. Foi para seu quarto disposta a descobrir que avisos
eram esses.
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Luiza dormia o sonho dos anjos e
sonhava com seu amor e as infinitas possibilidades que se apresentavam diante
dos seus olhos. Brigou com os pais por algo incerto e valeu a pena. No dia
seguinte iria ver a primeira casa que viu em um anuncio para ser alugada. Sua
vida iria mudar. O céu é o limite.
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