Nossa Forma de Amar - Capitulo XIII


13 - A Visita

Ao acordar, Milena olhou sua irmã dormindo como um anjo. Depois do pesadelo, as duas dormiram abraçadas como costumavam fazer quando eram crianças. Devagar se desvencilhou do abraço e foi para seu quarto tomar banho.

Pegou seu celular e colocou para tocar sua playlist matinal. Era sua forma de despertar ao som de Two Hearts do Phil Collins indo em direção a uma ducha fria. Enquanto a água deslizava pelos cabelos ondulados e negros, Milena repassava sua lista de afazeres do dia.

Ao sair do banho pegou seu aparelho e discou para um numero já conhecido seu. Aguardou enquanto chamava. Ao ouvir a voz rouca de sono do outro lado sorriu.


-Bom dia meu amor.
-Bom dia linda. Desculpa te acordar, mas fiquei com saudade.
-Que linda. Que horas são?
-Pouco mais de 7 horas. Esta cedo ainda.
-Foi bom que ligou. Preciso levantar. Fiquei de procurar um apartamento ou casa para alugar.
-Hum! Acho que tenho a solução para seu problema.
-É? Qual?
-Conheço uma pessoa que esta alugando uma casa na mesma rua onde moro. Podemos ir ver mais tarde se quiser.
-Quero sim.
-Anjo, vou me arrumar para ir a agencia onde trabalho. Acabou a moleza. Vemos-nos na hora do almoço?
-Sim. Você me liga e nos encontramos. Beijos e bom trabalho.
-Obrigada. Beijos.


Ambas desligaram com sorrisos bobos em seus rostos. Ao terminar de arrumar-se, Milena caminhava em direção à sala quando se sentiu tonta. Sua irmã que vinha ao seu encontro a amparou antes que caísse.


-O que houve mana?
-Sei La, Lila. Fiquei tonta do nada.
-Eu hein. Vamos que mamãe nos aguarda na mesa.
-Hoje vou voltar pra casa. Não sei por que a tenho se fico mais aqui do que lá.
-Aham. Engana-me que eu gosto. Isso é desculpa esfarrapada. Você vai é levar alguém pra La que eu sei.


Chegaram à cozinha nessa descontração e Dalila entregou os planos da irmã para a mãe.


-Sabia que seu bebê esta pensando em nos deixar, mãe?
-Dalila! – Milena a repreendeu.
-Já quer voltar pra sua casa, filha?
-Quero mãe. Fico mais aqui do que lá e preciso do meu espaço às vezes.
-A senhora acredita nisso mamãe?
-Nem por um segundo. – as três riram e tomaram café tentando convencer Milena a mudar de ideia.


Quando já ia saindo Milena lembrou-se de avisar a mãe que não viria almoçar, pois levaria uma amiga para ver uma casa de aluguel.


-Sabia que tinha mulher nisso.
-Eu conheço sua irmã mais do que ela mesma. Filha essa noite não foi boa. Algo irá acontecer e sinto que esta cada vez mais próximo.


Quando Lucimara terminou de proferir a ultima palavra, a campainha tocou. Um dos rapazes que limpava o terreiro abriu a porta e enquanto a moça aguardava na varando ele entrou para anunciar sua chegada.


-Licença.
-Pode falar Anderson.
-Tem uma moça esperando pra falar com a senhora.
-Que moça é essa? – Perguntou Lucimara com um aperto no peito.
-A jornalista que vem sempre aqui.


Uma ventania se fez presente balançando as cortinas, derrubando as tampas das panelas, apagando novamente a vela que ficava acesa no pequeno altar na cozinha e derrubando o copo no chão. Os dois jovens ficaram impressionados com o que viram e ouviram. Lucimara teve a confirmação do que precisava saber.


-Mãe, o que foi isso?
-Isso filha, são os orixás se comunicando com o nosso mundo.
-O que eles disseram?
-Pergunte ao seu coração. Quando você quiser entender algum sinal que eles nos dão basta fechar os olhos e escutar com o coração. – depositou um beijo na testa da filha e foi ate Simone.



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Enquanto a morena esperava ensaiava mentalmente o motivo de sua ida ate La. Sabia que sua ex-sogra era uma pessoa astuta. Sabia quando alguém mentia apenas em um levantar de olhos. Precisava convencer a velha da verdade. Da sua verdade. Olhava-se no espelho em frente à entrada e achava-se bela. Em uma calça jeans azul marinho simples, blusa social feminina branca e um penteado simples com os cabelos presos.


-Bom dia menina. O que a trás aqui tão cedo?
-Bom dia dona Lucimara. Vim terminar o assunto da nossa ultima conversa.
-Ah sim. O livro contando a historia do terreiro e da Associação.
-Exato.



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Luiza olhava sua caixa de emails enquanto aguardava a ligação de sua amada. Passando distraidamente viu que havia um email do seu antigo chefe pedindo que ela entrasse em contato com ele o mais breve possível. Retornou o email dando-lhe seu novo numero. Seu celular tocou, olhou o visor e viu o numero da casa de seus pais.


-Luiza?
-Oi, mãe.
-Filha, você esta bem? Onde você esta? Volta pra casa. Aqui é seu lugar.
-Estou bem mãe. Vocês ainda pensam em me casar forçado?
-Filha entenda. O Moises é um bom homem. Vocês podem se conhecer melhor. Você vai ver que ele é um bom...
-Mãe, chega. É por isso que não quero voltar. Não vou e nem quero me casar com Moisés, nem Noé tampouco Jacó. A senhora e o pai não respeitam minha vontade dizendo que enquanto eu morasse embaixo do teto de vocês teria regras a seguir. Pois bem, agora eu faço minhas regras.
-Tudo bem, filha. Só quero que saiba que eu amo você. Vou desligar porque seu pai vem almoçar e tem visitas.
-Beijo mãe, sua benção.
-Nosso Senhor te abençoe.


Ao desligar o telefone Maria conteve as lagrimas que teimaram em verter de seus olhos. Enxugou-as quando ouviu as vozes alegres aproximando-se. Em poucos segundos seu marido entrou acompanhado de Moises e mais dois rapazes.


-Mulher, venha um minuto aqui. O irmão Moises quer nos apresentar seus irmãos.
-Dona Maria estes são meus irmãos Jeremias e Venâncio.
-Encantado em conhecer a senhora que cuidou do meu irmão como um filho.
-Fiquem a vontade. Vou olhar o almoço.



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Assim que saiu da agencia a primeira coisa que Milena fez foi ligar para sua amada e combinou de almoçarem no Mercado do Peixe, pois era mais perto de seu trabalho e pela tarde teria uma reunião importante.

Assim que Luiza adentrou o ambiente avistou sua anja sentada em uma mesa na área externa. Assim que chegou perto a cumprimentou com um beijo no rosto. Almoçaram em uma conversa amena e marcaram de ir ate a casa mais a noite.

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