Nossa Forma de Amar - Capitulo VI


6 – É Um Encontro?!

O almoço na casa de Lucimara saiu depois das 13 horas. Muitas mãos e conversas na cozinha. Esperaram a dona da casa para poder servir.
Para felicidade de Milena no meado da tarde a chuva cessou e o sol pode enfim sair. Assim que percebeu mandou uma mensagem de texto para Luiza.


“Nosso encontro está de pé? Quem escolhe o lugar?”


Assim que o celular apitou, uma Luiza afoita o pegou, leu e sorriu antes de responder.


Temos um encontro? Pode ser na Praça da Cruz Caída? Tem um barzinho lá super aconchegante.”


Enviou e aguardou. Milena sorria feito boba enquanto fazia círculos no quarto respondendo a sua até então, recém amiga, futuro “algo mais”.


É um encontro. Adorei a escolha. As 18 horas nos encontramos exatamente na cruz. Beijos saudosos.”


Luiza deu um gritinho de felicidade e resolveu provocar um pouquinho.


Beijos? Vou deixar você escolher onde quer beijar.”


Milena quase caiu quando leu. – Então a danada sabe provocar, né?! Esta certa! Veremos quem pode mais.

Luiza passou o resto da tarde no quarto. Enquanto Moises ao fosse embora de lá não sairia. Quando voltasse teria uma conversa definitiva com seu pai. E se necessário, em ultimo caso ela sairia de casa. Só permanecia La por causa da idade já avançada de seus pais. Por mais que eles tivessem boas intenções, das mesmas o inferno anda cheio. Não gostaria de servir como moeda de troca ou troféu para ninguém. Tampouco arruinaria seu projeto de felicidade em troca da de seus pais. Se não se dobrou ao velho quando decidiu ir cursar uma faculdade fora de sua terra não seria agora que cederia. Lembrou-se do dia que viu sua atitude de afronta-lo valer a pena.


Já fazia dois anos que estava naquela cidade. Pela manhã estava no campus, a tarde trabalhava como operadora de telemarketing de uma grande empresa de telefonia móvel e sobrava pouco tempo a noite para os estudos e uma vez ou outra SAR com seus colegas de turma.

Em uma tarde de folga, tinha ido ao mercado e quando retornou soube por uma das meninas que um casal havia procurado por elas. Disseram que retornariam depois. Não deu muita importância. A noite todos saíram e ela resolveu ficar, já estava perto das festas de fim de ano e por mais que seus pais fossem cristãos gostaria de estar perto deles. A campainha tirou-lhe de seu devaneio. Ao abrir o portão teve uma surpresa.


-pai... mãe? – Luiza parecia ver um fantasma. Nunca imaginaria que seu pai um dia a procuraria depois da forma que saiu de casa.
-podemos entrar,minha filha? – falou a senhora.
-claro,entrem. – disse recuperando-se do susto.


Os conduziu ate a sala e trouxe-lhes água. Imaginou que subir a ladeira do bairro onde morava não era fácil para ela que era jovem tampouco para seus pais. Após todos refeitos sentou esperando que alguém se pronunciasse.


-minha filha,não viemos pedir que volte,pois pelo que a moça falou você esta se virando bem, mas gostaríamos de estar mais presente em sua vida. Você é nossa filha única. – dizia a mãe visivelmente abalada.


Luiza não prestava atenção. Sua concentração estava em seu velho pai sentado no sofá, encolhido e de cabeça baixa, tal qual uma criança quando apronta e é repreendida por seus responsáveis. Não deixou de imaginar que a cena era cômica. Decidiu então saber a opinião dele.


-e o senhor, meu pai concorda com o que a mãe disse?


Nesse momento, o senhor que a todo o relato da mulher olhava o chão levantou seu olhar deixando que sua filha visse suas lagrimas. O certo era que José não era um homem de externar seus sentimentos quando se tratava da família. Foi criado dentro de rígidas leis e com certo machismo de que homem não chora e que o lugar de uma mulher deveria ser na cozinha.

Ver sua filha, seu bibelô o afrontando, se rebelando contra ele foi doloroso. Pior foram esses longos dois anos sem vê-la. Assim que se estabeleceu ela tentou manter contato com a mãe. Ligava sempre no horário que sabia que o pai não estava. Não queria mal estar entre eles. Sua mulher por sua vez, sempre soltava uma ou outra noticia sobre ela.

Seu orgulho não o deixava dar o braço a torcer, mas a saudade estava apertando. Depois de muito orar, entendeu que o orgulho não o leva a lugar algum. Pegou um dinheiro e comprou as passagens, fez a reserva em um hotel modesto e foram atrás de sua princesinha. Quando a viu, notou que ela crescera. Deixou de ser aquela menina e já era uma mulher, segura de si e que procurava seu melhor. Não impediria.


-me perdoa minha filha. – o homem disse com a voz falha. Embargada pelo choro.


Luiza levantou e abraçou seu pai. Um abraço doido pela saudade, mas que ambos precisavam. Não soube dizer quanto tempo ficaram ali, chorando abraçados. Quando os outros chegaram foram apresentados. A partir de então foram só risos e alegrias.


Ao olhar as horas as duas assustaram-se. Já estava perto do horário combinado. Luiza entrou rapidamente no chuveiro. Havia escolhido um vestido de estampas florais em tons leves que lhe realçavam a pele. Fez uma trança em seu cabelo que lhe caia nos ombros. Uma sandália sem salto e uma leve maquiagem para realçar. Disse a seus pais que não saberia precisar a hora que pretendia voltar. Sob protestos saiu despedindo-se com beijos no ar.

Milena optou por uma jardineira jeans e uma blusa branca. Seu cabelo preso em um rabo de cavalo, sandália havaianas, sem maquiagem. Quando disse a sua mãe que sairia ouviu Luca gritando um “Arrasa, Diva!” e saiu sorrindo.

As 18 horas ambas estavam chegando na praça. Olhavam as luzes que enfeitavam aquele lugar. Estavam tão distraídas que se esbarraram sem querer. Apressaram-se em pedir desculpas. Quando se viravam e olharam-se, sorriram.


-Oi! – disse Luiza ainda sorrindo.
-Oi! –disse Milena pensando no quanto era bela a mulher a sua frente. Certamente, se apaixonaria fácil. Sorriu com esse pensamento.

Comentários

  1. Cada capítulo me deixa mais ansiosa... Raramente, leio um romance, que me deixe assim, curiosa para saber o que vai acontecer. Já torço pela Luiza e Milena, espero que o amor que elas possam vir sentir seja maior que qualquer preconceito e imposições... e que não, que elas não tenham o fim do mais famoso casal shakespeariano. (Esperando o próximo capítulo...rsss')

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    1. Cuidado com a ansiedade,florzinha. Vou tomar como um elogio rsrsrs. O amor delas será posto a prova de formas diversas e tambem espero que não tenham o mesmo fim que tal casal. Segunda tem mais. Bjos.

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