Nossa Forma de Amar - Capitulo XLII


42 – Dia De Visitas


Moises seguia junto ao pastor em clara intenção de apoio. Durante a “marcha” ele havia se mantido mais afastado e misturado em meio aos fieis para não ser reconhecido. Enquanto seguia com Jose, pensava em como saber noticias de Luiza sem levantar suspeitas.

Chegaram à casa do pastor, o homem pediu que seu amigo o aguardasse enquanto tomaria um banho rápido. Assim que ouviu o barulho do chuveiro, o homem resolveu conhecer o quarto de Luiza na casa.

Entrou sem fazer ruídos, a cama Box de solteiro estava coberta por uma colcha nas cores; azul e amarelo, ambos claros. As cores preferidas da jovem. Prateleiras com livros de literatura e alguns técnicos. O computador e a impressora em uma mesa branca com a tela rodeada de pequenas anotações e vários porta-retratos espalhados pelo quarto.

Pegou um no qual ela sorria enquanto segurava um filhote de gato branco. Acariciou a foto e a tirou do porta-retratos guardando em seu bolso logo em seguida. Ouviu o barulho do chuveiro sendo fechado, rapidamente voltou a sua posição inicial no sofá.


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-Agora é esperar pelo período de observação. – o médico informava a Maria.
-Demora muito doutor?
-Vai depender de como o organismo dela irá reagir. Qualquer alteração no quadro dela informaremos a senhora. Sugiro que vá para casa porque a paciente ficará na UTI por um ou dois dias. – o médico foi chamado em outra ala do hospital.


Senhor, o que houve com minha filha? Será que foi assalto? Só quando ela acordar para saber. Vou ligar para José. – completou o pensamento já discando no aparelho celular enquanto se encaminhava para fora do hospital.


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Luiza permanecia dormindo devido a anestesia geral. Aparelhos respiratórios e cardíacos estavam ligados ao seu corpo. Ao lado de seu leito um casal conversava sobre seu estado.


-Ela precisa reestabelecer suas forças. – falava a senhora com voz e aparência tranquilizadora enquanto acariciava o rosto da jovem desenhando aleatoriamente sobre sua pele com os dedos.
-Sim. Embora seja uma menina de espírito jovial, seu corpo físico merece repouso. – o homem aparentando ser um quarentão falava enquanto olhava o que a mulher fazia. – por que vocês tem essa mania de ficar desenhando nas pessoas? Samuel também faz isso e quando lhe interpelei a resposta foi “é prazeroso”.
-É um acalento, Augusto. Enquanto matérias, seres humanos nós não trocamos carinhos e afagos uns com os outros? Então. É a mesma coisa, a pessoa que o recebe sente-se como se acolhida. Sente nossas boas vibrações. Muito me admira tu não saberes desses pormenores.
-Não me atenho a detalhes. – Foi a resposta casual dada pelo mentor de Rúbia. – Veja. A projeção astral dela esta despertando.
-Suas honras, meu caro. – Disse-lhe Tasmin desaparecendo.


Assim que abriu os olhos, Luiza notou algo estranho. Sentia-se leve, como se flutuasse. Ao virar a cabeça para o lado deu-se conta de que realmente flutuava e pensou que iria cair, mas uma mão veio em seu auxilio.


-Não irá cair. Segure a minha mão e te ajudarei a chegar ao chão.
-Obrigada! – Ao olhar seu corpo ressonando perguntou um tanto aflita ao homem. – Eu não morri né?
-Não. Só esta descansando um pouco.
-Esse momento não é aquelas Experiência de Quase Morte também não né?
-Apenas uma visita e um convite. Vamos a um passeio?
-Com essa camisolinha rala?
-Somos projeções, Luiza. Quase ninguém nos vê enquanto projeções. – Disse enquanto a conduzia por um campo arborizado onde várias crianças brincavam alegremente correndo e preenchendo o ar com seus risos.
-Quase? – Luiza o acompanhava olhando vez ou outra alguma criança que passava por eles.
-Sim, quase. Médiuns, crianças e animais são exceções. – disse-lhe o homem.
-Animais e médiuns eu já sabia. Mas crianças?
-Suas almas e corações são puros. “Deixai as crianças e não as impeçais de vir a mim, pois delas é o Reino dos Céus.” Disse o filho do Criador em sua passagem pela terra.

Andaram mais um pouco até sentarem em um lugar que parecia ser uma praça. O homem então iniciou o assunto para o qual havia sido enviado.


-Todos cometem erros. Uns pequenos, outros grandes. Seu pai errou por excesso de amor, sua mãe por receio e o jovem que atualmente chama-se Moisés vem errando há muito tempo.
-Essa é a hora que você me conta que já nos conhecemos e ele impediu minha felicidade em algum momento e reencarnamos para que ele se redimisse mas deu merda? – ela o olhava com a sobrancelha erguida.
-Com exceção da expressão “deu merda” era resumidamente isso que iria contar-lhe.
-E provavelmente quando eu acordar do meu estado hibernando não me lembrarei de nada, certo?
-Certo. Como vocês jovens falam, você fez a lição de casa.


Ambos riram e retornaram pelo mesmo bosque com destino ao hospital.


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Ao abrir os olhos viu Rúbia sentada em uma poltrona lendo um livro que a principio não conseguiu identificar, mas após fechar e abrir os olhos algumas vezes conseguiu ler o titulo O Céu Está Caindo do escritor Sidney Sheldon.

Ao sentir-se observada, Rúbia olhou profundamente nos olhos cor de mel da jornalista. Fechou o livro depositando-o em cima da poltrona onde outrora esteve sentada, aproximou-se da jovem acariciando seu rosto enquanto dizia.


-Bem vinda de volta, Bela adormecida.



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