Nossa Forma de Amar - Capitulo XLVI
46 – Adiando o Inadiável
Moises estava deitado em
seu quartinho pensando no que fazer para atingir Milena e na possibilidade de
ser delatado por Luiza. Antes que a merda estourasse teria que fugir, mas para
onde? Tinha dois mandatos de prisão em seu nome e um deles era na cidade onde
sua família morava. Lá certamente não poderia voltar. Pensaria em um local
depois. Sua prioridade era persuadir Luiza a não falar nada. Perguntaria seu
estado de saúde ao pastor quando o dia clareasse.
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O dia amanhece agitado. As
folhas balançam movidas pelo vento produzindo um som parecido com um assovio.
Lucimara abre os olhos. Espreguiça, senta lentamente na cama após agradecer a
Olorun pelo despertar. Quando se preparava para levantar.
“Lọ wo ni ile”.( Vá olhar a casa) – Sussurrou a voz feminina em seu ouvido.
Levantou sobressaltada
andando pelos corredores que dava acesso a entrada. Chegando na varanda olhou
para todos os lados e após certificar-se que aparentemente estava tranquilo
pensava em entrar quando se aproximou do portão.
Abriu para olhar a rua e
quando virou para retornar ao interior da casa viu as pichações com ofensas e
xingamentos. Enquanto olhava as paredes Milena e Dalila aproximaram-se até estarem
ao seu lado olhando as palavras. Esperavam um pronunciamento da matriarca.
-Pode chamar Antônio aqui? E
tirem foto disso para levar a delegacia. Vou mandar comprar tinta e pintar. –
saiu sem dizer nada.
As irmãs se entreolharam
imaginando o que se passava na mente de sua mãe. As palavras deixadas ali
atingiram diretamente a mulher. Além dos habituais xingamentos em referência a
religião insultaram suas filhas. Suas joias preciosas.
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No ar um cheiro estranho
parecido com álcool adentrava suas narinas. Estava deitada em uma cama,
provavelmente. Sua cabeça doía e se lembrava do beijo trocado com sua namorada,
à saída para comprar mantimentos e... Um branco em sua mente. Abriu os olhos
com o incomodo da claridade que entrava pelas cortinas.
Estava em um quarto de
hospital e naquele momento encontrava-se sozinha. A dor em sua cabeça
aumentava, suas pálpebras pesavam. Fechou os olhos entrando em um sono sem
sonhos imediatamente. Pouco depois Maria entrou no quarto. Viu sua filha
dormindo calmamente, aproximou-se da cama e se pôs a conversar com a jovem.
-Minha menina. Sinto que
precisamos recuperar esse tempo que estivemos afastadas. Primeiro sua faculdade
e agora essa briga sua e de seu pai. – fez um carinho em sua fronte. – duas
mulas empacadas. Preciso que volte para que eu te peça perdão novamente por ser
sempre omissa mesmo sabendo que seu pai estava errado. Se não fosse isso, você
estaria em casa. A salvo.
Ficou um tempo acariciando os
braços e rosto de sua filha. Duas batidas na porta se fizeram ouvir, Jose
entrou e ficou um tempo olhando a filha. Maria o olhava com uma expressão
indecifrável. O homem acariciou o rosto da filha. Ainda pensava em tudo que a
esposa disse-lhe.
-Volte para nós, filha.
-E para sua namorada. – a
mulher disse sustentando o olhar que seu marido lançou.
-Essa mulher não vou...
-Você não fará nada. Quer
nossa filha afastada de novo? Quando ela acordar e o medico der alta ela vai La
para casa. – disse e saiu deixando o marido com a moça.
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Simone estava sentada na cama
com as costas na cabeceira enquanto Rúbia ressonava. A espanhola conversou um
pouco com ela na cama, mas logo dormiu. Simone sorriu rememorando a chegada dos
pais na madrugada antecessora.
-Nós podemos entrar? – Janice
perguntou um tanto acanhada.
-À vontade. – Simone disse de
forma fria dando passagem.
Viu seus pais passarem por
ela que imediatamente fechou a porta. Após olha-los bem, disse por fim.
-A primeira porta é o quarto
de hospedes. Tem um banheiro dentro. Amanha conversaremos. – dirigindo-se a
Rúbia disse. – vamos querida? – perguntou fazendo uma leve caricia em seu braço.
-Sim. - O corpo da morena
acendeu com apenas aquele leve toque.
Ao entrar no quarto, Simone
se joga em sua cama esquecendo-se da cirurgia e do corte na barriga. Sentiu um
fisgar de dor. Rúbia nada falava. Estava desconcertada e foi ao banheiro. Ao
retornar olhos para a repórter com uma expressão no mínimo assustada.
-Onde vou dormir? – perguntou
receosa da resposta.
-Aqui na cama comigo.
-Hum! – suas expressões
faciais denunciavam que problemas se se aproximavam.
-Vem. Só queria ser uma
telepata para saber o que meus pais pensam a respeito da sua “amiga” dividir o
quarto com a filha lesbica.
Rúbia tirou o
roupão revelando a minúscula camisola deixando Simone literalmente babando. A
morena deitou virando para a outra e ficaram conversando até o sono vencer
Rúbia.
-Buenos dias. –
a espanhola disse saindo do banheiro com uma toalha enrolada nos cabelos.
-Belíssimo. – Se
referia a morena.
Ouviram
batidinhas na porta com dona Janice avisando que a mesa do café estava pronta.
Era hora da conversa. Simone tomou um banho frio e rápido e foi ao encontro dos
pais.
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Maria descansava
com a cabeça na maca. Sentiu um carinho leve em sua cabeça e seus olhos
encheram-se de lagrimas com a sena que viram.
-Filha, você
voltou.
-Mãe. – a jovem
sorria.
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