Nossa Forma de Amar - Capitulo XXXVII
37 – Iku Afefe (Vento da Morte)
Assim que a Samu chegou, o chefe de Simone já se
encontrava no local e foi na ambulância para o Hospital do Subúrbio localizado na Rua Manoel Lino s/n na Estrada
Velha de Periperi. Embora discriminado pela sua localização atualmente é um dos
melhores hospitais da capital baiana.
Assim que a jovem chegou já foi encaminhada para
a sala de cirurgia para verificar a extensão do seu ferimento e porque a
repórter havia perdido muito sangue. Seu editor assinou os papeis como
responsável pela moça já que seus familiares moravam no interior do sertão
baiano.
Durante todo o processo de transporte do local
onde a jovem foi encontrada até a mesa de cirurgia havia uma disputa invisível
aos olhos humanos pela vida daquela moça. De um lado espíritos errôneos em
volta de uma áurea negra por outro lado espíritos iluminados pela luz branca
resplandecente com suas orações afastavam aquelas influencias de perto da
jornalista que dormia serenamente.
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O homem negro carregou Luiza desmaiada por alguns
metros até a emergência mais próxima dali. O porteiro ajudou-o a acomodá-la em
uma das cadeiras de rodas que ali existiam, assim que virou a fim de perguntar
algo sobre a jovem não mais avistou o negro homem de aspecto capoeirista.
Encontrou no corpo da jovem uma pequena bolsa de
couro onde tinha em seu interior sua carteira de identificação podendo assim
dar entrada com um registro formal. No plantão daquela noite estavam a doutora
Estela Sodré e a enfermeira Gertrudes que prestaram os primeiros socorros e
realizaram exames de praxe.
Enquanto preparava Luiza para passar pela sala de
radiografia, Gertrudes lembrou-se de onde já havia visto esse rosto. Era a
filha do pastor da igreja a qual ela frequentava. Assim que terminasse com a
jovem ligaria para ele. Assim que encaminhou a jovem para o exame, Estela
trancou-se em sua sala para fazer uma ligação.
-Boa noite Lila, mãe Lucimara esta ocupada?
-Não Estelita. Ela já esta vindo. Você anda
sumida, aparece por aqui só de caju em caju.
-Plantões. Vida de médico no Brasil é escravidão.
Escuta a Mile esta por aí?
-Esta sim. E você tome juízo viu?! Você agora é
casada.
-E muito bem casada. – Estela brincou e beijou a
aliança. – chama a mãe, Lila. É importante.
Nesse momento Lucimara chegava na cozinha ouvindo
a risada de Dalila. Com apenas um olhar inquiriu sobre o teor da conversa
animada. Dalila entregou-lhe o aparelho informando quem era.
-Mãe sua benção.
-Iemanjá te abençoe. O que houve filha?
-A moça que saiu uma matéria no jornal com Mile.
A filha do pastor deu entrada na minha emergência desacordada. Foi trazida por um
rapaz negro e alto segundo o porteiro.
-Valei-me as águas.
-Ainda tem mais. Tinha um sangramento na parte de
trás da cabeça dela. ou bateu a cabeça em uma queda ou alguém bateu nela. A
pancada foi forte. Pedi alguns exames, mas pelo quadro vão tentar uma
transferência para o HGE. Aqui ela
não pode ficar ou então não haverá muitas chances para ela.
-Em breve chegaremos aí. – desligou o telefone e
pediu que Dalila chamasse Milena.
Milena chegava à cozinha preocupada. Há horas
tentava contatar o celular de Luiza e não atendia, o telefone fixo de sua casa
chamava até ser direcionado para sua caixa postal. Ao deparar-se com o
semblante de sua mãe sentiu um calafrio.
-Mandou me chamar?
-Sim. Preciso que me leve até a emergência onde
Estela trabalha.
-A senhora esta sentindo alguma coisa? Alguma
dor?
-Não. Iremos ver uma amiga. – Melhor não lhe dizer toda a verdade. –
pensou.
Por causa da chuva demoraram mais tempo do que o
normal para se chegar até a emergência. Assim que chegaram a recepção Lucimara
pediu a presença de Estela. A médica logo apareceu e as levou ao seu
consultório.
-Onde ela esta? – Lucimara perguntou fazendo-lhe
um sinal para não falar o nome da pessoa.
-Na enfermaria. Não temos leitos disponíveis. Com
esse surto na cidade estamos praticamente abarrotados.
-Podemos vê-la?
-Acompanhem-me.
As moças andaram pelos corredores estreitos com
algumas pessoas esperando atendimento ou na fila da medicação. Quando já se
aproximavam um vidro mostrava o interior da ala e Milena desesperou-se ao ver
seu amor com alguns tubos e aparentemente dormindo. Segurou na mão da moça, fez
um carinho em seu rosto e com a voz ainda embargada fez perguntas sobre como
ela chegou ali e seu estado.
A enfermeira Gertrudes só conseguiu ter um tempo
de descanso quase duas horas depois de ter levado Luiza para a radiografia.
Assim que escapou procurou em seu aparelho celular o numero da casa do pastor.
-Vamos porcaria. Pega. – dava pequenos tapas em
seu aparelho de modelagem antiga.
Um dos tapas acionou o funcionamento do mesmo,
efetuando a ligação. O numero discado estava sendo direcionado para a caixa
postal. Procurou então o celular de Maria, a esposa do pastor. Este também
estava fora da área de cobertura.
A mulher ficou irritada, pois estava na
expectativa de noticiar a família sobre a tragédia. Depois de mais algumas
tentativas frustradas o telefone começou a chamar e logo foi atendido.
-A paz do Senhor irmã.
-A paz irmã. Que bons ventos trazem essa ligação.
-Sinto informar irmã, mas os ventos não são bons.
-O que houve?
-Sua filha deu entrada aqui na emergência com um
sangramento na cabeça. Já estava inconsciente.
-O QUE? – foi o grito dado por Maria antes de
cair desmaiada no sofá e seu marido catatônico diante daquela reação de sua
esposa.
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