Nossa Forma de Amar - Capitulo XLVII
47 – Primeiros Sinais
-E aí, mana? Vai fazer como
para ver a sua amada? – Dalila perguntava a irmã enquanto estavam andando pelo
terreiro para ver se tinha alguma avaria ou algo quebrado pelos vândalos.
-Daremos um jeito.
-Ei! “Daremos”?
-Sim, irmã querida. Nós
daremos. – gargalhou da expressão indignada da outra.
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-Acordou? – o homem falava ao
telefone eufórico. –Graças ao Senhor.
Jose falava ao telefone com sua
esposa na pequena sala de administração da igreja quando Moises ao ouvir a
conversa quando o pastor comemorava o despertar da filha, parou esperando as
próximas palavras.
-Amanhã irei ao primeiro
horário. Quem mais sabe que ela acordou?
-Os médicos que já vieram
examina-la. – falou a mulher no corredor que dava acesso a recepção do hospital.
-Ótimo. Não quero que aquela
enviada do mal desconfie. – referia-se a Milena.
-Vou desligar. Fique com o
Senhor.
Assim que desligou já iria sair
da sala quando foi abordado por Moises. Deu-lhe a noticia com o mesmo
entusiasmo que sentiu quando sua filha disse a palavra “papai” pela primeira
vez. Moises indagou sobre a recuperação da moça.
-E ela falou o que aconteceu?
-Se falou a Maria não sei. – o
homem revelou pensativo.
-Quando ela vai para casa?
Gostaria de fazer uma visita.
O pastor ainda não havia
pensado nessa questão. Será que a jovem Luiza iria querer retornar para o seio
da família? Ela não voltaria para a casa da filha da adoradora de inimigo. Ele
não deixaria. Por fim respondeu a pergunta do homem que aguardava a sua frente.
-Breve. Amanhã vou lá vê-la.
Mas agora diga quais são os problemas que você encontrou na fiação.
Saíram conversando sobre a
fiação partida que estava impossibilitando a realização dos cultos à noite.
Jose nem desconfiava, mas o homem que abrigara era o algoz de sua filha.
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Simone remexeu-se na cama e
percebeu que não estava só. Rúbia ressonava tranquila. Havia se desenrolado
durante a madrugada devido ao calor e Simone contemplava a camisola de seda que
mais mostrava do que escondia os atributos espanhóis.
Respirou fundo e com um pouco
de dificuldade foi ao banheiro. Olhou-se no espelho e sorriu ao olhar de
soslaio a moça em sua cama. Há tempos atrás provavelmente a estaria despertando
com beijos inflamados.
Hoje se contentava em apenas
vigiar seu sono. Lavou o rosto e foi à cozinha preparar algo para ela e seus
hospedes, a desejada e os inesperados. Pegou o bule e colocou água para ferver.
Faria seu tradicional café de forma artesanal. Embora tivesse uma cafeteira da
mais moderna não abria mão do café matinal ser preparado por ela como na sua
cidade natal.
Pegou o pó e adicionou a água
esperando os primeiros sinais de fervura. Com o coador em mãos distraia-se
observando o liquido cair na garrafa térmica. Seus pensamentos voavam tanto que
não percebeu ser observada durante certo tempo. Quando se virava para pegar
algo no armário percebeu quem a olhava.
-Há quanto tempo estava aí? –
perguntou desconcertada por ter sido pega em um momento de descontração.
-Tempo suficiente. – Rúbia deu
um sorriso de lado.
-O café esta pronto. – disse
saindo do transe no qual se encontrava.
-Não irá chamar seus pais?
-Não precisa. – a voz feminina
anunciou. – Já estamos aqui.
A senhora ajudava seu marido a
locomover-se. Sentou-se com cuidado começando a servir seu marido. O silencio
reinou. O ar pesou. Rúbia observava a conversa silenciosa. Sentiu um perfume
conhecido no ar instante antes de ouvir seu mentor sussurrar.
-Essa família necessita do
perdão. Que se perdoem. Este pobre homem cansado devido ao tempo que viveu nas
condições que viveu espera apenas o perdão de sua filha para partir deste
plano. Sua esposa e alma gêmea consegue compreender tudo que ele nunca lhe disse
em silencio.
A jovem suspirou. Sabia que a
jornalista tinha uma caixa de Pandora guardada em si e não saberia precisar o
que sairia dali. Pediu licença retirando-se. Precisava checar seus emails e dar
a privacidade que a família precisava para iniciar “a conversa”. Cansada
daquela falta de palavras, Simone quebrou o silencio em seu tom mais
indiferente.
-O que vocês querem aqui? –
perguntou ao depositar sua xícara na mesa.
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Lucimara preparava o almoço
para seu “batalhão” enquanto os rapazes pintavam as paredes ao redor do
terreiro e as moças colocavam as roupas dos orixás no sol. A temperatura
naquele dia excepcionalmente estava mais alta que o normal.
Lucimara sentia o calor emanado
pelo fogão. Assim que terminou de temperar a carne deixou que fervesse.
Dirigiu-se a geladeira servindo-se de um copo de água gelada. A sorveu de forma
sedenta e quando virava o corpo para depositar o copo na pia sentiu uma pequena
vertigem.
Amparou seu corpo na coluna da
parede e esperou que aquilo passasse. Não se sentia assim a um bom tempo e
agora havia recomeçado. Procuraria um medico no dia seguinte. Por hora não
falaria com as filhas. Sentou em um banco que ganhara de um dos filhos e utilizava
para cozinhar. Na medida em que o almoço terminava, seus filhos começaram a
aparecer movidos pelo cheiro.
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